Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoismo. Para qualquer escolha se segue alguma consequência, vontades efêmeras não valem a pena, quem faz uma vez, não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, não é preciso perder pra aprender a dar valor, e os amigos ainda se contam nos dedos.
Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos.sábado, 30 de abril de 2011
Faz de Conta
Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspido, distante, mantenho-me alheio: FAZ DE CONTA QUE EU TE ODEIO
Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: FAZ DE CONTA QUE EU TE AMO.
Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: FAZ DE CONTA QUE EU DOU CONTA DO RECADO.
Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO QUERO.
Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto:FAZ DE CONTA QUE EU ME IMPORTO.
Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO SOFRO.
Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: FAZ DE CONTA QUE EU ENTENDO.
Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: FAZ DE CONTA QUE EU COZINHO.
Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy:FAZ DE CONTA QUE NÃO DÓI
(Martha Medeiros)
Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: FAZ DE CONTA QUE EU TE AMO.
Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: FAZ DE CONTA QUE EU DOU CONTA DO RECADO.
Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO QUERO.
Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto:FAZ DE CONTA QUE EU ME IMPORTO.
Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO SOFRO.
Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: FAZ DE CONTA QUE EU ENTENDO.
Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: FAZ DE CONTA QUE EU COZINHO.
Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy:FAZ DE CONTA QUE NÃO DÓI
(Martha Medeiros)
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Poema Ecológico
Onde o canto e o encanto das cascatas?
Vejo o desencanto de um líquido parecido com água
que deságua sua mágoa no túmulo da erosão.
O passarinho cantou, cantou, respirou o ar grosso
e tonteou, piou, rodopiou
e alçou vôo para qualquer lugar.
A criança comeu a fruta envenenada desvitaminada
e não aconteceu nada porque estava adaptada
a bromato e DDT.
Iludiu a fome, não se envenenou nem se nutriu
e o velho sonhou saudoso com a lface fresquinha
pingando o orvalho puro no arrebol de outras manhãs.
O trator de esteira arrancou o fruto pela raiz
e a infeliz floresta parou a festa
e ouviu a sinistra orquestra do lamento do vento
trazendo areia e plantando a paisagem cinzenta do deserto.
A máquina plagiou a árvore e fez frutos, frutos, frutos sem fim
e os vegetais sentiram-se bruscamente inúteis
pois as engrenagens multiplicara as comidas
que iam alimentar máquinas ainda vivas por uns tempos.
O robô se misturou com o homem e roncou que estava com fome
e que também tem direitos, também tem direitos...
pois trabalha direito
serviço bem feito
na produção perfeito.
E repetia: quem mais trabalha, mais come, quem mais trabalha, mais come.
E seu irmão - o computador -
Programa o drama do con-sumidor consumi-dor.
O petróleo vale tanto quanto o sangue se não mais.
A fumaça soberana ainda deixa cair uns restos de oxigênio.
E, na transparência do plástico, configura-se um futuro sem brio, sombrio.
A palavra Natureza pode voltar a ser sagrada
quando já não houver mais nada
e o robô voltar a ser brinquedo.
Sempre resta a ESPERANÇA
de o homem redescobrir este velho segredo:
que a natureza é ele e ele é a Natureza.
(Desconheço a autoria)
Vejo o desencanto de um líquido parecido com água
que deságua sua mágoa no túmulo da erosão.
O passarinho cantou, cantou, respirou o ar grosso
e tonteou, piou, rodopiou
e alçou vôo para qualquer lugar.
A criança comeu a fruta envenenada desvitaminada
e não aconteceu nada porque estava adaptada
a bromato e DDT.
Iludiu a fome, não se envenenou nem se nutriu
e o velho sonhou saudoso com a lface fresquinha
pingando o orvalho puro no arrebol de outras manhãs.
O trator de esteira arrancou o fruto pela raiz
e a infeliz floresta parou a festa
e ouviu a sinistra orquestra do lamento do vento
trazendo areia e plantando a paisagem cinzenta do deserto.
A máquina plagiou a árvore e fez frutos, frutos, frutos sem fim
e os vegetais sentiram-se bruscamente inúteis
pois as engrenagens multiplicara as comidas
que iam alimentar máquinas ainda vivas por uns tempos.
O robô se misturou com o homem e roncou que estava com fome
e que também tem direitos, também tem direitos...
pois trabalha direito
serviço bem feito
na produção perfeito.
E repetia: quem mais trabalha, mais come, quem mais trabalha, mais come.
E seu irmão - o computador -
Programa o drama do con-sumidor consumi-dor.
O petróleo vale tanto quanto o sangue se não mais.
A fumaça soberana ainda deixa cair uns restos de oxigênio.
E, na transparência do plástico, configura-se um futuro sem brio, sombrio.
A palavra Natureza pode voltar a ser sagrada
quando já não houver mais nada
e o robô voltar a ser brinquedo.
Sempre resta a ESPERANÇA
de o homem redescobrir este velho segredo:
que a natureza é ele e ele é a Natureza.
(Desconheço a autoria)
domingo, 17 de abril de 2011
Indagações
Não entende porque flores tão lindas celebram a vida e a morte
Porque o céu é tão lindo mas as vezes claro ou escuro, sedutor ou ameaçador
Porque não amar nos traz sofrimento
E amar um sofrimento maior ainda
Ela não entende porque no mundo há tanta beleza e tanta tristeza
Que a simplicidade já nos faria feliz e complicamos tanto
Que a natureza já nos dá tudo que precisamos e ainda a maltramos
Que o ser humano ainda não aprendeu a dominar seu próprio ambiente
Sem destruir ou sem querer modificá-lo
E não entenderá jamais porque o mundo é assim
As pessoas são como são
Onde tudo se inicia e onde tudo termina
Como no raiar do dia ao escuro da noite
Como o mundo gira, o tempo passa,
E as dúvidas sempre permanecem
Lágrimas Teimosas
Não, não caia
Eu não pedi que você aparecesse, mas você é insistente
Eu não posso ficar dando explicações sobre você
Eu não devo, não posso
Mas você aparece, insiste e fica
As coisas acontecem
E como não temos controle sobre tudo
Certas situações nos fazem sofrer
Sentir dor
E nestes momentos você se aproveita
E se mostra
Corajosamente, orgulhosamente
Como querendo dizer que existe
Dentro de uma caixa que carregamos
E que nunca gostamos de mostrar
Você não pode fazer assim
Nesta caixa há dores, ressentimentos e não só alegrias
Há mais tristezas
Que se manifestam desta forma
E na maioria das vezes em que é afetada
Não! Pare de cair, lágrima
Você me coloca numa situação difícil
Porque serei obrigada a admitir
Que algo não anda bem
Que a tristeza tomou conta do meu ser
e que não posso mais esconder
Vai embora, me deixa
Preciso aprender a ser forte
Embora lágrimas lavem meus olhos
O sentimento que te provoca
Faz mal, machuca, dói
Eu não posso mais viver assim
Com estas dores que parecem
Não ter mais fim
Não ter explicações
Só dor, só lágrimas
Meus pedaços
Eu sou feita de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos
Sou feita de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão
Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci
Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante
Já
Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas
Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar
Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei
Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.
Martha Medeiros
Escolhas
Quando fazemos tudo para que nos amem...
e não conseguimos, resta-nos um último recurso,
não fazer mais nada.
Por isto digo, quando não obtivermos o amor,
o afeto ou a ternura que havíamos solicitado...
melhor será desistirmos e procurar mais adiante
os sentimentos que nos negaram.
Não façamos esforços inúteis, pois o amor
nasce ou não espontaneamente,
mas nunca por força da imposição.
Ás vezes é inútil esforçar-se demais...
nada se consegue; outras vezes, nada damos
e o amor se rende a nossos pés.
Sentimentos são sempre uma surpresa.
Nunca foram uma caridade mendigada,
uma compaixão ou um favor concedido.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal,
e desprezamos a quem melhor nos quer.
Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir
um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...
o de nada mais fazer.
(Clarice Lispector)
A um ausente....
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 5 de abril de 2011
Paraisos
Quando pensamos em paraíso pensamos erroneamente em algum lugar
Paraíso não é nenhum lugar em especial
De repente naquele "paraiso" idealizado pode acontecer coisas que não esperamos
Coisas não condizentes com um paraíso
Se formos avaliar, "paraíso" seria uma palavra abstrata
Como "felicidade" "saudade" "prazer"
Não existe de fato
Existe dentro de nós
Paraíso é estar aonde queremos estar
É sentir ali o seu lugar
Onde sua alma descansa e se acalma
Paraísos são raros
De repente aonde você não está bem
Poderia ser o Paraíso para outras pessoas
E aonde você queria estar
De repente alguém não quis mais ficar
Paraísos existem na medida que você
O constrói dentro de si mesmo
E são muitas coisas
A paz interior, o bem estar físico
A alegria de viver
É aí o seu paraíso
O local é menos importante
O paraíso, nós o levamos
Dentro de nós, para qualquer lugar.
Paraíso não é nenhum lugar em especial
De repente naquele "paraiso" idealizado pode acontecer coisas que não esperamos
Coisas não condizentes com um paraíso
Se formos avaliar, "paraíso" seria uma palavra abstrata
Como "felicidade" "saudade" "prazer"
Não existe de fato
Existe dentro de nós
Paraíso é estar aonde queremos estar
É sentir ali o seu lugar
Onde sua alma descansa e se acalma
Paraísos são raros
De repente aonde você não está bem
Poderia ser o Paraíso para outras pessoas
E aonde você queria estar
De repente alguém não quis mais ficar
Paraísos existem na medida que você
O constrói dentro de si mesmo
E são muitas coisas
A paz interior, o bem estar físico
A alegria de viver
É aí o seu paraíso
O local é menos importante
O paraíso, nós o levamos
Dentro de nós, para qualquer lugar.
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